quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A voz do coração

Repensado as coisas, fica evidente o quanto tudo já estava claro, o quanto tudo era anunciado.
A escolha das palavras, das canções, nada era inútil ou desmedido. Um se achava racional. E o outro, lhe dirá: "Não, não foi assim tudo calculado." Será? Será, que pode se dar, assim, tanto crédito ao inconsciente?! Seria justo com eles dizer que tudo não passou de intuição, instinto ou pulsão? Da simples busca, até inocente, pode-se dizer, do que o coração sabia querer e a cabeça fingia não perceber.
O homem tem o livre-arbítrio, concedido por Deus - ou por ele mesmo na tentativa, instintiva, de assegurar e delimitar o seu espaço, o seu lugar, o que é seu - mas ele pode mesmo escolher quando e como usar? É sempre que se pode escolher o que viver ou como?
Se souber como escolher e usar, então de fato as coisas não são uma mera combinação de fatores distintos, que se unirão aleatoriamente e que a qualquer momento pode se desfragmentar. Mas se não, tudo bem. Qual a importância do caminho que se fez até chegar nesse momento? Pode-se dizer que toda? Prefiro dizer que muita. Observar o que se tem e o caminho percorrido, parece permitir visualizar o que está por vir. Então dirá: "Eu sinto, vejo e quero ter!"
Como alcançar? Já se alcançou, estava tudo claro desde o início. Só não viu quem não quis ver.

Sem determinismos, nem sempre se escolhe. Sentir é algo que não se escolhe. O que sentir também não.
Sem conformismo, isso não é ruim! Permitir-se sentir o sol e a chuva, experimentar voar.. ouvir letra e canção.
Poucas coisas podem permitir ser livre assim. É bom saber que elas estão, todas, por aqui.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sob o sol

Ai, eu disse que é difícil escrever quando se está bem, mas isso é tão injusto comigo e com a vida. Afinal, por que ter registrado os momentos de tristeza, apreensão, dor e angustia e esquecer as tardes de domingo que deveriam se estender e durar mais que uma tarde? Quero um dia, quando se tornar lembrança poder acessar isso, ter um caminho que me conduza até esses dias ensolarados e quentes.
Não é que eu vá esquecer o que tem acontecido, mas por que não registrar e poder voltar aqui nesse dia e momento? Se a idéia é não perder lembranças o melhor é tratar de escrevê-las. 
Quer coisa mais triste que viver com quem só reclama, sempre tem problemas e nunca nada está bom?! E deixar de anotar, meio que me dá a impressão de que estou fazendo exatamente isso: reclamando do que tenho tido, dos dias de sensação de andar de bicicleta com o vento no rosto, esquecendo disso. Eu nem pensava  em ter que esquecer você e, confesso, não penso e não pretendo esquecer.
Apesar de toda a chuva que tem caído, os dias tem tido tanto sol, tanta cor, tanta vida, tanta poesia e tanta música que é um pecado dos grandes não compartilhar. Sem nomear o santo, posso muito bem narrar da joaninha vermelha, das coincidências, da disposição e alegria aos sábado e domingos de manhã, simplesmente porque haverá a tarde.  

As vezes, passa-se tanto tempo buscando a alegria de viver, perseguindo ela como se fosse um algo que se encontra. Tolice, ela está ali, no tédio bem vindo, no silêncio compartilhado que não incomoda, no olhar que nos desvela e invade, simultaneamente (?)!

Então é isso, se antes eu conseguia ver os problemas nas coisas agora vejo as alegrias, se antes escrevia das tristezas posso, teoricamente, muito bem escrever das alegrias. Que seja assim, amém!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quanto tempo me resta?
Quanto tempo me resta para fazer as coisas que quero, viver a vida que sonho, sentir os cheiros que passam e o gosto que nem suponho existir?
A pressa nunca me pareceu a melhor das companhias, mas a espera indeterminada já me acompanhou por tempo suficiente. Ha-ha "tempo suficiente" qual é mesmo a minha idade?! Mas o tempo não se mede em anos, essa foi uma invenção do homem só pra facilitar a contagem das coisas e o controle, possivelmente, eu diria, por alguém que se configurou como um dos primeiros egoístas de marca maior. Ele deve ter sido o primeiro a querer dizer, como quem canta uma grande vantagem, que tinha alguns animais, alguns metros de terra, muitos dinheiros no banco, um bom nº de filhos, alguns carros, e outros tantos vários objetos.
Pena que ele se perdeu. Deveria, na verdade, ter contabilizado as cores do dia, os aromas das comidas, os sorrisos sinceros, os beijos roubados, dados e recebidos, os abraços apertados, as tarde de céu cor-de-rosa... A sensibilidade não é algo que se possa abandonar ou esquecer na gaveta. Deve nos acompanhar, sempre, a todo lugar e momento. E quando nos sentirmos como quem não sente mais, como um ser que apenas passa pelos dias, um após o outro, como se isso fosse viver.. é, algo está muito errado por aqui.
Esperar o momento de viver é outro ato comum, fica-se esperando que o próximo dia, mês ou ano, venha com toda a felicidade ainda não vista, como criança que espera o Papai Noel. E aí, Le Petit Nicolas, já disse o quanto é duro esperar o Natal...
"Quanto tempo me resta?" é a pergunta errada. Deveria me perguntar é "como viver o tempo que me resta?". A vida quantificada, medida e calculável não me prece ser a das melhores... Eu quero a qualitativa.
Busco poder dormir em paz, satisfeita com as pequenas - ou seriam grandes? - conquistas e prazeres vivenciados diariamente. Tenho conseguido. Cores, toques, sons, sentimentos conciliados de forma incrivelmente fantástica e com vários pequenos natais.
"Cem anos medianos, ou cem dias intensos?", essa não é, definitivamente, uma pergunta que eu leve a sério. Não sei qual caminho é o mais fácil, ou o melhor, se é que ele existe. Só sei que se forem mesmo caminhos diferentes, quando for a hora de escolher, acredito que não vou vacilar: que sejam cem dias, desde que eu possa sorrir sem culpa!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quem vos fala é...

Nos posts anteriores eu vim falando várias coisas que me parecem ser boas pra vida, de como acredito que as pessoas devem ser, agir. Muito mais de como não deve ser do que de como ser, afinal se eu soubesse a receita...

Mas, de repente, o vazio de me ver só cresce - cresce tanto - e o mundo fica gris e gelado. O vento corta, machuca a carne, o frio tira o ar e o silêncio é ensurdecedor.
E, não tão tarde assim, pergunta-se: quem é essa? Não se pergunta seu nome, seus atributos, pergunta-se quem é?
Perguntinha ordinária, quase tão difícil de responder quanto conjugar o verbo amar. Mas algum dia aí pra trás eu contei que o meu projeto é esse, e que infelizmente o aviso do Carpinejar chegou atrasado.. eu já me encarei, ja me perguntei que sou. Tarde mesmo.
Porque não me identifico com a maioria das descrições que fazem de mim, chego a perguntar se realmente estamos falando da mesma pessoa. Só que sempre paira a dúvida se eu mesma sei de quem se trata, ou se é a que acredito saber a que pretendo ser. Quem é capaz de me conhecer? Reconhecer, não sei se ainda é possível, vale lembrar do "quem te viu, quem te vê", mas como me conhecer?
Cada dia parece ser mais difícil.
Aliás, atualmente, só uma pessoinha consegue me ver e não sou eu..