terça-feira, 16 de agosto de 2011

Quanto tempo dura um sopro?

Parece que chegou o dia em que conjugarei os verbos no pretérito. Um dia que quis que nunca chegasse, que nunca existisse, que me recusei a esperar..

No último setembro ganhei, junto de suas cores, sentimentos lindos de presente. Vieram embalados nos seus olhos, com fita cor de girassol da cor do seu cabelo. Foi num dia de céu azul intenso, diante do ipê de amarelo indecente, que vestida com a blusa marrom me deixei revelar.
Pra que? Pra viver a brisa que você é (foi)?
E agora que vivemos essa calmaria, em que não sopra, não venta, nem tem tempestade. Estamos à deriva de nós mesmas. Eu estou esperando uma nova corrente de ar, que nos levará de volta a setembro. Quero soprar, eu posso fazer o vento! Os ipês já estão pela cidade, amarelos, como antes. Por que mudou? O que mudou?

Por que agosto nos sufoca? Por que não termina e nos deixa seguir -juntas- setembro em diante?
Mas você quer seguir?

Nos atiramos, me atirei e,agora, o que resta são esses últimos suspiros, descompassados, desencontrados.
Até quando?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Das incertezas da vida

tenho tido dificuldades de organizar pensamentos. estruturar frases sequenciais que juntas tenham sentido tem sido algo tão difícil!

no entanto, estranhamente, tenho sentido a necessidade de escrever. talvez numa tentativa de organizar tudo. é, sofro desse mal. Tá consegui alguns progressos, já consigo pensar que nem tudo depende de mim, da minha aprovação, e que -muitas- vezes elas irão acontecer sem que eu possa interferir.
Ainda não soube bem delimitar o que separa a minha possibilidade de ação do respeito que devo ter pela autonomia do outro. Do quanto posso abrir mão de mim por eles.
Na verdade, concluí que não posso.

"Quem tem o poder?" inicialmente digo "Eu.", só pra mais tarde concluir "não sou eu". Quem decide por mim? Quem elenca minhas prioridades, meus projetos? Não sou eu. É o que no fim de 20 -longos- minutos concluímos.
...
"- Senta ali.. Olha pra ela, o que você tem a dizer pra ela?
- Não faça assim, não se(nos) anule.. Se importe com o que você(nós) quer(emos)
- Volta pra lá.. o que você quer dizer pra ela?
- Não seja egoísta...!
- Volta pra lá, agora! Olhe pra ela, o que você tem a dizer?
[silêncio... medo...]
- Onde você que estar? Onde você está confortável?
- Em nenhum dos dois, quero o equilíbrio [ e fica em pé entre a poltrona e a cadeira]
- Olha como você está. Aí é confortável?
- Não..
- Onde você quer estar? Quem você quer ser? O que você quer?
- Quero o equilíbrio, mas pelo jeito o equilíbrio não está no meio.
- E quem tem o poder? Você?
[silêncio]
- Quem vai ter o poder?

sábado, 15 de janeiro de 2011

A dor do silêncio. Ou seria "no silêncio"

falar sempre foi algo difícil para ela.
mas ela falava, e como! falava muito, contava muitos casos, histórias, coisas que ouvir, criou, muitas coisas ela falava.
porém não a ensinaram como falar de si. e falar do que sentia sempre foi a mais difícil das tarefas. ela sente, sempre muito, sempre e bastante, e isso é o mais angustiante para ela. porque aí ela sente, sente tanto e intenso mas não consegue nunca colocar em palavras isso. não consegue dizer para as pessoas que sente, muito menos O que sente.
aí segue vivendo, como uma coisa informe, pesada, que passa sem rumo.

mas ela tem rumo, sabe que tem. só não consegue sinalizar, dizer, FALAR.
para ela, conjugar o verbo falar é bem mais difícil que o verbo amar.