quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Retrospectiva no dia 31/12 é mesmo algo inevitável. De 2013 posso dizer várias coisas que se resumem em "VIVER".
Comecei contando os dias pra ir pra Lisboa, pra viver outro ar, outro vento, outros dias azuis, uma vida inteira ao seu lado.
E chegou o dia 06/02, junto chegou o medo, a surpresa, o cheiro de tempero de sopa, o portão que nao fechava.. A Teresa, a nossa casa!
Depois o Iscsp, o 742, os dias que só começavam ao meio dia, o metro e o elétrico, os planos de viagens..
Todas as viagens de gala, as alegrias e os sustos! 
Morar sozinha, conviver com outras cores, outros cheiros, sabores... 2013 trouxe tudo isso.

E mesmo eu estando longe, as coisas por aqui foram acontecendo, a vida foi se resolvendo. O apartamento, a rotina da casa... Tudo funcionou sem eu estar aqui em casa foi uma das coisas que planejei e quis que acontecessem, mas como dói ver que acontece!

Na volta as alegrias dos reencontros, das novidades, araujices sem fim! 
Mas como nem tudo são flores, também, viram as dores. As do corpo, do bolso, da alma e do coração. Todas jutas, como se não pudessem vir sozinhas, como se sozinhas já não doessem. 

Ainda assim, o que digo pra 2013 é "muito obrigada!".
Obrigada por me dar uma casa e um lar, por me deixar conhecer cores, sabores, ares, sotaques, terras que só tinha sonhado. Muito obrigada por ter me dado tudo isso do lado da pessoa mais linda e especial da minha vida. Por, depois, quando tudo parecer ruir ter me mostrado a mãe linda e amorosa que tenho. 
Por ter me ensinado a ser menos orgulhosa, a ver o outro. Obrigada até pelas dores, que me deixam mais forte pras aventuras do que vem por aí!
2014, eu não estou pronta pra você, mas pode vir que te encaro com sorriso no rosto, sabendo - exatamente - pra onde e quem posso correr quando você me assustar. Bem vindo!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O vento – ou sobre os dias difíceis



Nestes dias, ensaiei mil diálogos além de todos os que tivemos e, acredite, nos que imaginei tudo mudou mais vezes do que nos reais. A minha imaginação já viajou bastante, já me levou a todos os cenários imagináveis – na falta de outra palavra, já que possíveis não serve.
Pensei em várias frases, tons, formas de dizer, pensei nas respostas também e como reagiríamos a cada uma delas. Nossos diálogos reais serviram de base para os que minha imaginação me levou.  Foi um passeio longo, dolorido e, mesmo tendo sido criado por mim, que fiz a contra gosto. Me custou o sono, sorrisos, lágrimas, dor física, espiritual e mental não só meus, mas, também, seus e nossos.

Hoje, entretanto, finalmente tive paz. Fiz todas as pazes: as com o meu corpo, com meu espírito, com meus medos e com os seus, com a nossa relação e com a que quero que façamos. Porque eu vi várias coisas, e todas levam a seguinte conclusão "não abro mão de nós”.

Construímos uma relação grande, pois queremos a grandeza dela. Nossa amizade, intimidade, confiança, cumplicidade, etc, surgiram naqueles dias de céu azul e ipês indecentemente amarelos, surgiram sem se preocuparem com o tempo, foram ágeis, bem do jeito que desejamos. Nos conhecemos e tão logo aprendemos a reconhecer as qualidades e defeitos uma da outra. Ao mesmo tempo que aprendemos a reconhecê-los aprendemos a lidar com eles.
Tornamos o lar uma da outra. Sim, você e eu somos nosso lar. Nos escutamos, aninhamos, guiamos... Somos unidas por laços, infinitos laços. Laços de amizade, de companheirismo, de amor, de desejo, de carinho, de vida compartilhada e vida desejada.

Ao longo desses três anos vivemos muitas coisas, muita vida! Eu nem preciso descrevê-las, pois você se lembra, mas posso tentar: o pufe, o estudo, o desejo da chuva, o tremor do primeiro beijo, as noites ao pé do papa, o ardor, os olhos, as mãos, a língua, o sol, o amarelo, o azul, todas as canções, o vento e o mar, a dança na piscina, as serras, o sítio, os churrascos, as famílias, os natais, as contas, os aviões, o barco, a neve, o deserto...
Mas mais importante do que termos vivido tudo isso juntas ou tentativa vã de contabilizar é o fato de termos escolhido viver tudo isso juntas. Sempre escolhemos permanecermos juntas! Não por conforto, não por já estarmos ali, mas pelo amor e pelo prazer de estarmos juntas. E é também por isso que imaginamos e somos capazes de nos ver juntas sempre. Por isso somos capazes de imaginarmos estudar e trabalhar juntas, vivermos juntas, casarmos e sermos família. Porque, como já disse, somos lar uma da outra.
Essa é aquela hora que podemos pensar: “mas nós somos jovens para tanto”. Sim, somos jovens, mas não tenho dúvidas do quanto nos amamos, do que somos uma pra outra e é por isso que não tenho medo de dizer: e daí que somos jovens? Por que temos 20 e poucos não podemos já ter encontrado com quem queremos ter uma vida?

Eu encontrei. É você, somos nós.

Não digo com tudo isso que nossa relação é prefeita, sabemos dos tempos de calmaria e breu, do que nos aperta e nos falta. Mas não vou desistir de nós: já sinto o vento, já vejo o amanhecer. Você também pode!(?)

Com todo amor e saudades,


Sua Tica.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Abismos à vista


eu tanto pedi os abismos que eles chegaram.
o ano nem tinha terminado e ao tentar fazer planos para o ano que vinha simplesmente não consegui.
ah é, antes dos planos tem aquela parte da revisão da vida. bom, o que posso dizer é que o 2012 começou lindo: mudanças na casa, aproximação da família, uma viagem com possíveis novos amigos, dois novos países.. pena que sou torta e as coisas mesmo quando parecem ir bem, não vão.
quer dizer, até a volta da viagem as coisas foram bem. bem com a vida, mas as crises persistiram.
ai veio o ano, e eu me achando capaz de abraçar o mundo. mil 'títulos' eu quis ter. só pra fracassar mais e acumular mais dores. um semestre acadêmico xoxo, as cores vieram de um possível fim do curso. aí reuniões semi-secretas, conversas que não podiam ser divulgadas, um movimento organizado e tudo isso para? para roubar as energias do resto do ano. e quando achamos ter as respostas uma greve. que cobrou o preço logo um segundo semestre que deveria ser legal e lindo, mas que foi sacrificado pela greve, matérias não dadas, provas em janeiro. e antes da greve cobrar seu preço teve ainda o resultado de uma possível vida européia em 2013.
aí, muitos outros sofrimentos de providenciar papéis, de não saber se vou, de não saber se devo ir, de que preço isso vai ter, de quanto isso vai me custar, de quanto isso vai nos custar.
não sei, não sei, não sei.. sei que ainda em junho achei q a solução para a vida seria uma estágio. tenho que rir de mim e do meu ridículo: R$420 fariam o que por mim na europa? nada, mau fizeram por mim aqui. quer dizer, eu até teria um pouco, se não tivesse me contaminado pelo espírito de natal e comprado presentes para todos. só que foi bom eu ter comprado, foram os únicos presentes que essa casa viu.
os únicos se pensarmos nesse sentido de que presente é aquilo que vem numa sacola com um laço.
ai, em algum momento, no meio de tudo isso, algo desandou e o ano que podia ser lindo, não foi.
eu, que comecei o ano chorando por verbalizar para a família a irmã que escolhi ter estou cada dia mais próxima de tê-la mesmo. eu que comecei achando que ver outras coisas e pessoas me aproximaria daqueles que viveram isso comigo conclui que não. eu que pensei que seria capaz de ser alguém, cada dia mais sou menos. eu que comecei pesando menos terminei pesando bem mais. desandou tudo e sou cada dia mais sozinha, cada dia mais triste, cada dia mais compulsiva.
depois dessa revisão, próximo passo, tentar traçar metas para 2013.
olho pra frente e o que vejo? vazio, nada. (com voz de cigana do centro) vejo uma viagem na sua vida. viagem-abismo, afinal o que eu sei dela? o que virá com ela? o que restará dela? eu não sei, eu não sei, eu não sei.
mas me lancei. tomara que haja (col)chão.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

bodas de algodão

de acordo com meu relógio hoje fazem dois anos.
dois anos de excitação, de boca seca, do nosso puff, do nosso nos descobrir.

intensidade define quase completamente o que eu sentia. era uma falta de ar, um não saber como agir, onde por as mãos. tudo a nosso -rápido- tempo veio à tona. o vento me trouxe o ar, seu sopro me trouxe vida. nas noites, nos alimentamos de conversas e, aos pés do papa, contruímos nossa intimidade.

naquela noite de vento frio e corpo quente você fingiu não ver meus sinais. o riso solto, o olhar.. não sei exatamente o que contava e recontava nos dedos, certamente para se afastar. mas eu não quis saber deles. nos queríamos! eu te desejava tanto, e você se esquivando. como último recurso te chamei para dormir, provavelmente você já sofria por esse momento.

no escuro eu te via. e soria. e desejava. e foi com suas mãos nos meus cabelos que deflagrou o inadiável, o irremediável. com medo nos beijamos, mas medo de que? não nos perderíamos se não fosse ali, mas ainda bem que foi. pensei "quando teríamos outra chance de estar lado a lado sem que seus fantasmas nos alcançassem, sem que uma delas te ligasse?"

ali, meu medo era o mesmo que tenho hoje, o medo de que você seduza tantas da mesma forma que a mim, e que as tenha ao seu lado, no meu lugar.

nesse tempo, contruímos minha relação mais importante, sou quem sou porque tenho você, porque estou com você. nossa amizade se confunde com nosso namoro. é nossa grande riqueza e, por vezes, nossa fraqueza.

nossa união depende que saibamos manter a linha que separa/une amizade e amor flexível. não adianta cobrar da amiga a conta da nomarada e vice-versa. sabemos disso, mas é difícil separar. ainda assim, agradeço sempre que posso o fato das coisas serem assim, seria incompleteo ter de você apenas uma das coisas.

a intensidade continua me (nos) definindo, e trouxe outro elemento para nossa relação. meu (nosso) mergulho foi, e continua sendo, tão intenso que me (nos) vejo integralmente dentro dela. e se somos apenas nós, sempre, acredito que seja por isso. não dou (damos) espaço para outras pessoas, minha (nossa) carência de nós nos trouxe até aqui, desta forma.

e ainda que nem tudo seja perfeito, vejo em nós equilíbrio suficiente para seguirmos adiante, para mais aniverários, no plural mesmo. só desejo que você acredite nisso também.

com todo amor,
Tica

domingo, 16 de setembro de 2012

Resumo em cores


No início, o azul, de setembro, intenso. Aí, veio o amarelo indecente dos ipês. Por fim, o vermelho dos lábios. Cores primárias, com as quais se pode formar qualquer outra cor.

Nesse nosso tempo foi isso o que fizemos, colorimos cada dia, noite, madrugada e tarde com nossas corres. Tivemos um entardecer cor-de rosa, dias cinzas, quem diria, no Rio. Tardes amarelas en Pocitos, e um dourado de lua llena. Nos dias de chuva, quase negros, sofremos a distância, falta de nossos corpos a se aquecer.E, também, tiveram os dias de garoa, claros, refrescantes, nos quais respiramos num mesmo compasso.

Ainda que nem tudo seja vivo e claro, nas verdade, transparente, nos desenhar em tons cinza seria mentir quem somos. A luz que nos invade revela todas as nuances que temos, criamos e cultivamos. Seus olhinhos de fenda os vêem, e eu os sinto. São nossas cores que nos mantem.