sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Abismos à vista


eu tanto pedi os abismos que eles chegaram.
o ano nem tinha terminado e ao tentar fazer planos para o ano que vinha simplesmente não consegui.
ah é, antes dos planos tem aquela parte da revisão da vida. bom, o que posso dizer é que o 2012 começou lindo: mudanças na casa, aproximação da família, uma viagem com possíveis novos amigos, dois novos países.. pena que sou torta e as coisas mesmo quando parecem ir bem, não vão.
quer dizer, até a volta da viagem as coisas foram bem. bem com a vida, mas as crises persistiram.
ai veio o ano, e eu me achando capaz de abraçar o mundo. mil 'títulos' eu quis ter. só pra fracassar mais e acumular mais dores. um semestre acadêmico xoxo, as cores vieram de um possível fim do curso. aí reuniões semi-secretas, conversas que não podiam ser divulgadas, um movimento organizado e tudo isso para? para roubar as energias do resto do ano. e quando achamos ter as respostas uma greve. que cobrou o preço logo um segundo semestre que deveria ser legal e lindo, mas que foi sacrificado pela greve, matérias não dadas, provas em janeiro. e antes da greve cobrar seu preço teve ainda o resultado de uma possível vida européia em 2013.
aí, muitos outros sofrimentos de providenciar papéis, de não saber se vou, de não saber se devo ir, de que preço isso vai ter, de quanto isso vai me custar, de quanto isso vai nos custar.
não sei, não sei, não sei.. sei que ainda em junho achei q a solução para a vida seria uma estágio. tenho que rir de mim e do meu ridículo: R$420 fariam o que por mim na europa? nada, mau fizeram por mim aqui. quer dizer, eu até teria um pouco, se não tivesse me contaminado pelo espírito de natal e comprado presentes para todos. só que foi bom eu ter comprado, foram os únicos presentes que essa casa viu.
os únicos se pensarmos nesse sentido de que presente é aquilo que vem numa sacola com um laço.
ai, em algum momento, no meio de tudo isso, algo desandou e o ano que podia ser lindo, não foi.
eu, que comecei o ano chorando por verbalizar para a família a irmã que escolhi ter estou cada dia mais próxima de tê-la mesmo. eu que comecei achando que ver outras coisas e pessoas me aproximaria daqueles que viveram isso comigo conclui que não. eu que pensei que seria capaz de ser alguém, cada dia mais sou menos. eu que comecei pesando menos terminei pesando bem mais. desandou tudo e sou cada dia mais sozinha, cada dia mais triste, cada dia mais compulsiva.
depois dessa revisão, próximo passo, tentar traçar metas para 2013.
olho pra frente e o que vejo? vazio, nada. (com voz de cigana do centro) vejo uma viagem na sua vida. viagem-abismo, afinal o que eu sei dela? o que virá com ela? o que restará dela? eu não sei, eu não sei, eu não sei.
mas me lancei. tomara que haja (col)chão.