segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O vento – ou sobre os dias difíceis



Nestes dias, ensaiei mil diálogos além de todos os que tivemos e, acredite, nos que imaginei tudo mudou mais vezes do que nos reais. A minha imaginação já viajou bastante, já me levou a todos os cenários imagináveis – na falta de outra palavra, já que possíveis não serve.
Pensei em várias frases, tons, formas de dizer, pensei nas respostas também e como reagiríamos a cada uma delas. Nossos diálogos reais serviram de base para os que minha imaginação me levou.  Foi um passeio longo, dolorido e, mesmo tendo sido criado por mim, que fiz a contra gosto. Me custou o sono, sorrisos, lágrimas, dor física, espiritual e mental não só meus, mas, também, seus e nossos.

Hoje, entretanto, finalmente tive paz. Fiz todas as pazes: as com o meu corpo, com meu espírito, com meus medos e com os seus, com a nossa relação e com a que quero que façamos. Porque eu vi várias coisas, e todas levam a seguinte conclusão "não abro mão de nós”.

Construímos uma relação grande, pois queremos a grandeza dela. Nossa amizade, intimidade, confiança, cumplicidade, etc, surgiram naqueles dias de céu azul e ipês indecentemente amarelos, surgiram sem se preocuparem com o tempo, foram ágeis, bem do jeito que desejamos. Nos conhecemos e tão logo aprendemos a reconhecer as qualidades e defeitos uma da outra. Ao mesmo tempo que aprendemos a reconhecê-los aprendemos a lidar com eles.
Tornamos o lar uma da outra. Sim, você e eu somos nosso lar. Nos escutamos, aninhamos, guiamos... Somos unidas por laços, infinitos laços. Laços de amizade, de companheirismo, de amor, de desejo, de carinho, de vida compartilhada e vida desejada.

Ao longo desses três anos vivemos muitas coisas, muita vida! Eu nem preciso descrevê-las, pois você se lembra, mas posso tentar: o pufe, o estudo, o desejo da chuva, o tremor do primeiro beijo, as noites ao pé do papa, o ardor, os olhos, as mãos, a língua, o sol, o amarelo, o azul, todas as canções, o vento e o mar, a dança na piscina, as serras, o sítio, os churrascos, as famílias, os natais, as contas, os aviões, o barco, a neve, o deserto...
Mas mais importante do que termos vivido tudo isso juntas ou tentativa vã de contabilizar é o fato de termos escolhido viver tudo isso juntas. Sempre escolhemos permanecermos juntas! Não por conforto, não por já estarmos ali, mas pelo amor e pelo prazer de estarmos juntas. E é também por isso que imaginamos e somos capazes de nos ver juntas sempre. Por isso somos capazes de imaginarmos estudar e trabalhar juntas, vivermos juntas, casarmos e sermos família. Porque, como já disse, somos lar uma da outra.
Essa é aquela hora que podemos pensar: “mas nós somos jovens para tanto”. Sim, somos jovens, mas não tenho dúvidas do quanto nos amamos, do que somos uma pra outra e é por isso que não tenho medo de dizer: e daí que somos jovens? Por que temos 20 e poucos não podemos já ter encontrado com quem queremos ter uma vida?

Eu encontrei. É você, somos nós.

Não digo com tudo isso que nossa relação é prefeita, sabemos dos tempos de calmaria e breu, do que nos aperta e nos falta. Mas não vou desistir de nós: já sinto o vento, já vejo o amanhecer. Você também pode!(?)

Com todo amor e saudades,


Sua Tica.